Mais um ano de trabalho muito intenso na Faia Brava. A gestão de uma propriedade como a Faia Brava, caracteriza-se pela realização diária de atividades que são recorrentes, mas que exigem uma planificação rigorosa e uma dedicação permanente da nossa equipa e em particular, dos nossos vigilantes da Natureza, o Luis e o José. A vigilância ativa e passiva da Reserva, é fundamental para mitigar o risco de fogo, mas também para garantir o respeito das regras de gestão, próprias de uma Área Protegida Privada.
No fim do Inverno e durante a Primavera, para além das atividades de gestão da floresta autóctone e de apoio à regeneração natural, procedemos às sementeiras de cereais e leguminosas, para alimentar as populações de presas. Prosseguimos a monitorização das aves rupícolas e podemos confirmar que 2024 foi um bom ano para a reprodução das aves de rapina e dos necrófagos que nidificam nas arribas do Côa. Conseguimos confirmar a nidificação do casal de águia-real, cujo jovem se encontra ainda nas paragens, sob tutela dos pais e suspeitamos que a perdigueira Aquila fasciata tenha criado este ano no Massueime. Não conseguimos encontrar o ninho do casal de cegonha-preta que frequentou a Faia Brava durante a época de reprodução, mas a sua nidificação é muito provável. Os dois casais de Britango ocuparam os mesmos ninhos e criaram com sucesso, assim como os cerca de 50 casais de grifo.
Durante o Verão intensificámos a vigilância por causa do elevado risco de incêndios. Houve alguns fogos rapidamente controlados pelos bombeiros de Figueira de Castelo Rodrigo na vizinhança, mas felizmente este foi mais um ano em que o fogo não entrou na Faia Brava. Em setembro e outubro, para além das atividades cotidianas, monitorizámos as populações de corço, coelho e perdiz. Este ano, mantiveram-se regulares as observações de corço, notámos um decréscimo da população de coelho-bravo e o número de perdizes aumentou. Em janeiro do próximo ano, contamos com a presença de uma equipa de técnicos de uma ONG parceira, CBD Habitat que vem aconselhar-nos para promovermos o fomento do coelho-bravo, cuja presença na Reserva é vital para mantermos as populações de várias espécies raras e ameaçadas.
Entre novembro e fevereiro, apanhámos 14 toneladas de azeitona e batemos mais um record, só possível, com a dedicação inigualável do José e do Luis e com a ajuda preciosa do David e da Palmira, dois amigos da Faia Brava, de Figueira de Castelo Rodrigo. Plantámos 7.000 árvores, realizámos a poda seletiva das azinheiras, sobreiros e carvalhos, para favorecer o seu crescimento, aumentar o espaçamento entre elas e garantir uma maior resistência e resiliência em caso de fogo. Fizemos também trabalhos de manutenção e alargamento das charcas, essenciais para garantir a sobrevivência da fauna durante o estio. Este ano somámos mais duas charcas ao total e procedemos à instalação de três “canadianas”, para impedir a passagem do gado e permitir a instalação de mais uma manada de cavalos garranos, no Nordeste da propriedade, em 2025. O outono/inverno é um período de intensa atividade para promover a regeneração da floresta autóctone e em janeiro vamos semear cerca de 40.000 bolotas que nos serão cedidas pelos nossos amigos e parceiros da Área Protegida Privada do Freixo do Meio. Obrigado Alfredo!
Os britangos e as cegonhas pretas migraram para o Sahel assim como alguns dos jovens grifos, mas a maioria dos adultos ficaram entre nós e temos por isso mantidos ativos dois alimentadores, em colaboração com os nossos parceiros da Casa da Cisterna, para garantir que as aves que ficam chegam à próxima época de reprodução com mais probabilidades de sucesso.
É esta a vida na Faia Brava!
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