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Tudo a postos para monitorizar a mais recente colónia de abutre-preto em Portugal, na Vidigueira

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Herdade do Monte da Ribeira, ICNF e parceiros LIFE Aegypius Return unem esforços para proteger esta espécie ameaçada. 


Em junho passado, uma quinta colónia reprodutora de abutre-preto (Aegypius monachus) em Portugal foi descoberta na Herdade do Monte da Ribeira, na Vidigueira, por técnicos do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). O achado, feito em plena época de reprodução, impossibilitou uma monitorização detalhada para evitar perturbações às aves. Para 2025 está assegurada a colaboração que fará o acompanhamento da colónia e implementará outros esforços de conservação, no âmbito do projeto LIFE Aegypius Return


Herdade do Monte da Ribeira, um refúgio tranquilo 

A Herdade do Monte da Ribeira (HMR), com cerca de 1100 hectares, produz vinho e azeite, mas inclui também áreas de conservação que se espraiam pela Serra do Mendro. Estas áreas, de elevada tranquilidade, conferem um habitat ideal para muitas espécies de aves, incluindo espécies ameaçadas e protegidas, como a águia-real (Aquila chrysaetos) e o abutre-preto. Os grandes pinheiros-mansos (Pinus pinea), esparsos e distribuídos pelos vários vales, são um autêntico convite à nidificação dos abutres-pretos. Tanto mais que a floresta garante também alimento, com veados e gamos em abundância. 


Aferir a real dimensão da colónia 

Em 2024, à descoberta do primeiro ninho – já com uma cria desenvolvida – seguiu-se a deteção de outros quatro, mas sem óbvios indícios de reprodução. Portanto, são conhecidos cinco ninhos, mas apenas um casal reprodutor. A cria foi marcada em julho com um emissor GPS/GSM, o que permitiu verificar que só começou a voar no início de setembro. No final de agosto foi detetada uma outra cria, voadora, mas bastante debilitada, perto da Vidigueira, o que poderá indiciar a presença de mais casais reprodutores na região. Essa cria foi resgatada pelo ICNF e entregue no CERAS - Centro de Estudos e Recuperação de Animais Selvagens, em Castelo Branco, para recuperação. Sendo esta com certeza a colónia reprodutora de abutre-preto mais recente e mais pequena do país, importa conhecê-la melhor e acompanhar o seu desenvolvimento. 

 

Pousio, o abutre fiel 

A única cria de abutre-preto confirmada na colónia da HMR em 2024 é um jovem macho que foi batizado de Pousio. Desde que começou a voar, no início de setembro, tem-se mantido muito fiel ao seu território, nunca se tendo afastado mais do que uns 20 km do ninho. A equipa LIFE Aegypius Return faz uma monitorização muito atenta deste abutre em particular, pelo facto de passar uma linha elétrica de muito alta tensão relativamente perto do ninho, o que constitui um elevado risco de mortalidade por colisão. Esta é mais uma razão pela qual é muito relevante acompanhar esta colónia com muita atenção. Em 2025, se houver mais crias, será feito novo esforço de marcação, para garantir a recolha de mais informação nesta nova área de assentamento da espécie. 


Marcação da cria Pousio com emissor GPS/GSM ©LPN.  
Marcação da cria Pousio com emissor GPS/GSM ©LPN.  

Mapa de movimentos da cria de abutre-preto Pousio, entre 03/09/2024 e 28/01/2025. 
Mapa de movimentos da cria de abutre-preto Pousio, entre 03/09/2024 e 28/01/2025. 

Unir esforços para a conservação do abutre-preto 

A época de reprodução de 2025, que já se iniciou, foi devidamente preparada com o reforço da colaboração interinstitucional, no âmbito do projeto LIFE Aegypius Return. A HMR contará com o apoio da Liga para a Protecção da Natureza (LPN) e, claro, do ICNF, enquanto autoridade nacional, para garantir a prospeção dos terrenos e o acompanhamento da colónia de abutre-preto. A colaboração com o projeto LIFE Aegypius Return passa ainda pela discussão de medidas de alimentação suplementar para os abutres e pela capacitação dos gestores da Herdade e da sua atividade cinegética na transição para o uso de munições sem chumbo.  

A ANPC, associação nacional de proprietários rurais da qual a HMR é associada, e que também integra o consórcio LIFE Aegypius Return, irá brevemente organizar ações de formação teóricas e práticas em vários pontos do país. Estas ações têm como objetivo sensibilizar o setor cinegético para a problemática da contaminação por chumbo – na vida selvagem e na saúde humana –, e promover o uso de munições alternativas, sem aquele metal pesado. 

Por fim, a Herdade da Contenda, empresa municipal que também é parceira no projeto LIFE Aegypius Return, irá receber a visita de responsáveis da HMR para a troca de experiências na gestão de propriedades com aptidões agrícolas, florestais, cinegéticas e na sua compatibilização com a conservação da natureza, em particular do abutre-preto. 

A monitorização desta colónia, que é a mais ocidental da área de distribuição mundial do abutre-preto, torna-se assim o exemplo de uma colaboração intersetorial para a conservação de uma espécie em perigo de extinção. 



O projeto LIFE Aegypius Return é cofinanciado pelo programa LIFE da União Europeia. O seu sucesso depende do envolvimento de todos os intervenientes relevantes, e da colaboração dos parceiros: a Vulture Conservation Foundation (VCF), o beneficiário coordenador, e os parceiros locais Palombar - Conservação da Natureza e do Património Rural (com cofinanciamento da Viridia - Conservação em Ação), Herdade da Contenda, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Liga para a Protecção da Natureza, Associação Transumância e Natureza, Fundación Naturaleza y Hombre, Guarda Nacional Republicana e Associação Nacional de Proprietários Rurais Gestão Cinegética e Biodiversidade

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